terça-feira, 1 de julho de 2014

O vazio e o pleno, de Vera Queiroz



O VAZIO E O PLENO
A POESIA DE ADÉLIA PRADO

Vera Queiroz


A Editora da UFG inicia, com O Vazio e o pleno - a poesia de Adélia, de Vera Queiroz, uma nova série de publicações para o selo da coleção Orfeu. O projeto da Coleção é de oferecer ao público interessado obras de alta relevância teórica, crítica e metodológica no campo dos estudos sobre a Literatura, que sejam resultado das pesquisas acadêmicas de ponta e reflitam a multiplicidade dos enfoques hoje vigentes na aproximação do objeto literário. Sua finalidade é a de expor a dinâmica dessas mudanças e contribuir para ativar a reflexão em torno dos discursos que compõem, em nossa contemporaneidade, o largo espectro das Ciências Humanas, em relações inter e intradisciplinares.

O livro de Vera Queiroz é resultado de sua pesquisa de Mestrado, desenvolvido na PUC/RJ e na UFRJ, e se constitui de uma leitura crítica e interpretativa acerca dos aspectos temáticos na obra de Adelia Prado, centralizada sobretudo nos livros Bagagem (1976), O coração disparado (1977), Terra de Santa Cruz (1981), O pelicano (1987), A faca no peito (1988). Nesse conjunto, a autora mapeia os temas que singularizam a produção poética da autora mineira na tradição da nossa lirica e a situam como uma das expressões mais originais surgidas nas últimas décadas no cenário da Literatura Brasileira, em especial porque, segundo as palavras da autora, tal poesia resgata o conceito benjaminiano de experiência ligada à comunhão e à funda cumplicidade com o homem e com sua existência concreta, tecida nas relações que os atos cotidianos geram. A obra se compõe de quatro capítulos-chave, correspondentes aos temas ali estudados.

Depois de uma Introdução , em que situa o modo como a poesia de Adélia foi recebida pela crítica literária de então, no capítulo dois - Intertextos: os poetas - a autora discute o diálogo que a poesia adeliana estabelece com seus pares, seja sob a forma de homenagem explícita (no caso de Guimarães Rosa), seja sob a forma de uma paródia que não deixa de ser também homenagem, como se dá com mais de um poema em que Drummond é tematizado.

Outras relações são estabelecidas com as poéticas de Fernando Pessoa, Murilo Mendes e Castro Alves. Em Resíduos: as palavras, a análise detém-se na compreensão do aproveitamento literário das formas de linguagem coloquial e popular, para captar o movimento original que a poesia de Adélia empreende no sentido de re-inaugurar e re-iluminar vocábulos gastos pelo uso, esvaziados de sentido, através do que se define como construções epifânicas, surgidas pela disposição nova da palavra, da sílaba, do som. Esse aproveitamento dos resíduos da linguagem, descrito minuciosamente nas análises feitas pela autora, constitui uma das linhas de forca mais originais da técnica adeliana e uma marca de sua poesia. O universo da província é analisado em Mínimos: as coisas, onde as ações cotidianas, os elementos naturais, o microcosmo das relações afetivas são percorridos de modo a situá-los como condensadores das grandes inquietações de espírito humano. Na poesia de Adélia, as leituras empreendidas aqui o revelam, a grande política se faz nos gestos mais comuns, as grandes questões já habitam o espaço da casa, do quintal, da rua, da pequena cidade. No último capitulo - Mitologias: Deus, tempo, memoria - é analisado um dos aspectos centrais do pensamento poético de Adélia Prado,
aquele que recobre todos os outros temas - trata-se do tema da religiosidade, cuja vertente é definida como a síntese entre os mitos de Deus e da poesia, esta última vista como a encarnação humana da palavra fundadora: a palavra divina.

Além de poder compartilhar as várias faces da poesia de Adélia Prado, apresentadas de modo cúmplice e enriquecedor, o leitor encontrara nesse lançamento da Editora da UFG inúmeras indicações para uma metodologia de leitura. 

(Orelha do livro)

3 comentários:

  1. Olá, Jônatas, obrigada pela gentileza em divulgar capa e orelha de meu livro. Enviei por email uma pequena errata - se não for tomar seu tempo, espero que possa utilizar aqui no texto. Um abraço, Vera Queiroz

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    1. Professora Vera, me desculpe os erros! O texto foi digitalizado automaticamente e, com a pressa, acabei confiando no computador. Peço desculpas de coração! Ah! Se precisar de algo estou à disposição...!


      Um grande abraço!

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    2. Obrigada,
      Um abraço,
      Vera

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