terça-feira, 24 de novembro de 2015

Cacos para um vitral


Queridos leitores, dando continuidade ao post sobre as edições dos livros adelianos, apresento a vocês as capas de Cacos para um vitral. Como temos percebido, Adélia parece mostrar um carinho muito grande pela concepção e pelo design de suas capas. Sem dúvida algo para ser estudado no futuro. Da direita para a esquerda:

PRADO, Adélia. Cacos para um vitral. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
_____________ Cacos para um vitral. Rio de Janeiro: Rocco, 1989.
_____________ Cacos para um vitral. São Paulo: Siciliano, 1991.
_____________ Cacos para um vitral. São Paulo: 2006: Record, 2006.

Até o próximo post!

sábado, 21 de novembro de 2015

Agência Riff: Adélia Prado - Simplesmente encantadora


Márcio Vassallo

Em um dos seus novos livros, Quero minha mãe, você conta a história de Olímpia, uma dona de casa que enfrenta um câncer. Como você mesma já disse, é um livro sobre o desamparo e a orfandade. E, numa resenha para o jornal "Valor", o jornalista José Castello define bem a sua personagem, “uma mulher que luta para se simplificar enquanto enfrenta o medo da morte”. Tem simplificação que seduz, tem simplificação que reduz? 
Adélia Prado - O que nos complica é o ego. Aceitar a “morte” do ego e trabalhar para que isso aconteça é empenhar-se para alcançar a unidade da nossa pessoa, o que vale dizer, simplificar-se. Não tem esta ou aquela simplificação. A simplificação que reduz é só redução mesmo. A simplificação verdadeira, ao contrário, nada exclui de nós, apenas nos harmoniza, nos deixa inteiros. Ser metade é péssimo.

Num trecho do livro, já curada do câncer, por conta de um milagre, a narradora se indaga: “Os milagres mudam o miraculado? Continuo tendo raiva, medo, preguiça de certas coisas, como antes da minha cura espantosa”. Em que aspectos você acha que um milagre realmente muda, ou não, uma pessoa? 
Adélia - O miraculado nem sempre muda. A parábola dos dez leprosos, dos quais só um voltou para agradecer ao Senhor, mostra isso muito bem. Aquele que muda tem a consciência nova de que um amor nos sustenta, é movido à ação de graças e tem com a vida e com o próximo uma pulsão amorosa que é pura felicidade.

Em outro trecho, Olímpia diz: “Quando ajudei minha mãe a morrer, era a mocinha que escondia o coração aos arrancos, por causa dos engenheiros bonitos que na ferrovia em obras pediam água em nossa casa”. Hoje em dia, o que mais faz você esconder o seu coração aos arrancos? 
Adélia - Um bom arranco é uma bênção. O que esconde meu coração aos arrancos eu não sou boba de dizer aqui. São tesouros que nenhum banco sabe a senha de extrair.

Numa entrevista, você já disse: “O que existe de mim em Olímpia é na mesma densidade que existe em Violeta, em Antônia, e em outras personagens femininas dos meus outros livros. Rigorosamente, nunca se faz ficção pura, saída de não sei onde, do nada. A ficção nasce a partir das experiências, dos fenômenos experimentados na própria vida. Por meio da forma literária, tudo pode ser dito e tudo fica protegido”. De que modo a literatura mais te acolhe, mais te recolhe, mais te protege? 
Adélia - Você fica mais protegido no poema. A poesia é perfeita.

Outro pensamento seu: “Escrever é tão bom que dá medo. E o que é bom nos ampara e nos consola”. O que é mais assustador e mais prazeroso no ato de escrever? 
Adélia - O próprio ato em si, parece transgressão, mas não é, é como namorar escondido.

Você está estreando na literatura infantil com o livro Quando eu era pequena, pela Record. Como é que você começou a descascar essa história, como é que essa história mais descasca você? 
Adélia - Quando eu era pequena estava dormindo nos meus outros livros. Eu só acordei a história. Me deu enorme prazer.

Nesse livro delicioso, você conta a história da Carmela, uma menina de olho descalço e coração saliente. E a narradora diz “Quando eu era pequena, eu queria que o céu fosse parecido com o nosso quintal: cisterna, jardim, horta, pé de abacate, quartinho de guardar serragem, que servia para cozinhar e pôr os abacates para amadurecer. Não podiam faltar galinhas nem as duas linhas do trem, uma nos fundos outra na frente da casa, onde mamãe plantou flor-de-maio, árvore de margaridas brancas. Todo mundo admirava: "Clotilde, você tem mão boa para plantas! Como está bonito o seu jardim!" Mamãe gostava de repetir: "Para mim, flor mais bonita é rosa e fruta melhor é laranja”. Hoje, já crescida, com o que você mais quer que o céu se pareça? 
Adélia - Aos setenta anos, o meu projeto de céu é o mesmo. Claro, não tínhamos chuveiro nem fogão a gás, nem água encanada. O fogão pode ser de lenha, mas quero banheiro e cozinha com água encanada; quero relva, cerrado, campina e gente. Pensando bem, já estou no céu.

Também no livro, Carmela narra: “Nossa casa era tão perto da estrada de ferro, que balançava na passagem do trem. Papai brincava: 'Balança, mas não cai, Deus toma conta'. E tomava mesmo. A casa era rodeada de mato e as galinhas viviam soltas. De vez em quando uma sumia e minha mãe falava: 'Com certeza a Pintada está chocando no mato'. Passava uns dias e ela aparecia com a ninhada, era muito alegre ver a Pintada chegando com os pintinhos. Minha mãe ficava tão contente”! Que outras cenas da sua infância eram tomadas de felicidade? 
Adélia - Não vou contar a você agora as outras coisas que me deixavam histérica de alegria, quero aproveitá-las num outro livro. 

Então, vou esperar feliz pelo seu outro livro, claro. Enquanto isso, conversemos mais um pouco. Na sua opinião, o que faz com que uma professora seja inesquecível e maravilhosa para uma criança, para um jovem, e realmente faça a diferença na vida deles? 
Adélia - Ser convicta do que faz e fazê-lo com alegria. Isto move os alunos. É contagiante.

E o que será, mais do que tudo, que mais faz diferença na vida de algumas pessoas, para que elas sejam professoras maravilhosas? 
Adélia - A poesia. 

Mais um trecho de Quando eu era pequena : “Quando morávamos na Rua Comprida, eu era doidinha por esses balões de aniversário que nós chamávamos de 'bola de soprar'. Devia ser barato como hoje e mesmo assim ninguém comprava para mim. Papai só falava isto: 'Quando a guerra acabar, compro duas pra você'. Naquele tempo os alemães brigavam com o mundo inteiro. As pessoas falavam na guerra todo dia, as coisas ficaram caras e difíceis de encontrar. Isso era chamado de carestia e racionamento. Mamãe me mandava entrar na fila de comprar açúcar, que tinha ficado escuro, meio azedo e pouco. Eu ficava na fila, pois minha irmã Célia tinha nascido e precisávamos de açúcar para o mingau (...).” Atualmente, balões de soprar são mais baratos do que nunca, mas em geral as pessoas só os compram com data para se alegrar, muitas vezes por falta de tempo para interromper correria, por uma indisponibilidade crescente para pequenos encantamentos infantis. Nesse sentido, o que é mais encantador para uma menina, para um menino, e que nós muitas vezes não priorizamos nas nossas vidas?
Adélia - O mais encantador e estimulante para uma criança é ser tratada com atenção real, ouvindo um sim ou não de nossa parte. Atenção real é amor.

Você de novo: “A poesia é um oráculo, seja eu ateu ou crente. Seu caráter epifânico independe da confissão religiosa do autor”. O que a poesia mais te revela, o que ela mais te oculta?
Adélia - Que Deus existe e sua beleza é aterradora.

Também você: “O enredo ou tema de um livro não é o que o torna bom ou mau. Seu valor e desvalor tem a ver com a forma, apenas. Sou poeta, não escrevo catecismos. A obra é forma, não é enredo, não é casuísta, não é doutrina”. De que maneira a forma também é essencial na sua vida? 
Adélia - Forma é beleza e como tal é essencial na vida de nós todos.

E quando você escreve, o que é realmente essencial na forma? 
Adélia - A própria.

Novo pensamento seu: “A Deus temo, adoro e quero amar com todo o meu coração e com todo meu entendimento. À literatura eu amo como um dom que vem Dele, como via de acesso à sua inefável beleza”. Que outras vias de acesso à beleza você gosta de seguir? 
Adélia - A filosofia, a matemática que não entendo, mas fico olhando, como faço com a física.

A beleza é acessível para todo mundo?
Adélia - Absolutamente sim. 

Sobre o título do livro, Quero minha mãe , você reflete: “Querer a mãe é o desejo original. Nós passamos a vida inteira clamando por nossa mãe. Eu passo a vida inteira clamando pela minha origem, para saber a quem pertenço, quem cuida de mim, quem responde por mim, quem me acode, quem me socorre, quem tem piedade de mim”. Tem outros clamores que te tomam pela vida toda? 
Adélia - Todos os clamores é um só clamor. O que sou, de onde vim, para onde vou?

Você de novo: “O que justifica uma obra é ela ser maior que seu autor”. Mais do que tudo, o que faz com que uma obra supere o próprio autor? 
Adélia - Seu caráter universal, suas pequenas dores e alegrias serem reconhecidas como próprias por qualquer homem de qualquer cultura; enfim, ser um bom espelho.

Qual o grande pecado de um escritor? 
Adélia - Escrever para os leitores. A gente escreve é para Deus.

Você disse, uma vez, que uma das piores coisas que podem acontecer para um escritor, no Brasil, é cair no vestibular, virar prova, coisa e tal, porque, em geral, ele vai ser odiado por um bocado de jovens. O que é mais perturbador nesse sentido? 
Adélia - Ler para fazer prova é castigo. O livro deve ser bênção e prazer. Nossas escolas têm o livro como inimigo e literatura como coisa menor. Estou generalizando sem escrúpulos. Me horroriza o que vejo acontecer por aí.

Outros pensamentos seus: “O inaudito é a essência de um livro, porque toda ficção é uma tentativa de dizer o inefável. A palavra chega perto, chega à margem, mas nunca é absoluta. É um verbo ainda humano, não o verbo divino. Esse é o encanto da poesia, que é o verbo que mais se aproxima”. A poesia se aproxima do que é divino, ou somos nós que nos aproximamos desse estado, por meio dela? 
Adélia - A poesia, como a mística, é a experiência humana do divino.

Nem todo mundo é poeta, mas será que todo mundo pode viver em estado de poesia? 
Adélia - O ‘estado de poesia" não é privilégio do poeta, que é só “o cavalo do santo”. Graças a Deus, ela é comida para todo mundo que está desarmado e sabe que a razão não explica o conjunto da realidade, é só uma fatia do queijo. 

Tem segredo para alguém botar poesia no dia? 
Adélia - Tem e fácil: abra olhos e coração, disponha-se amorosamente para a graça da vida, aceite sua condição de pequena criatura. Requer coragem. Preconceito é veneno. E muito conceito atrapalha também. As crianças sabem.

Nesse sentido, o que mais costuma tirar a poesia da vida de uma criança, o que mais costuma tirar a poesia da vida da gente? 
Adélia - Da criança, a falta de amor. De nós, o orgulho.

Declaração sua: “Quero sempre voltar à infância e acredito que a infância na ficção é a infância de todos e não propriamente a infância biográfica”. Em que aspectos a infância mais te puxa para dentro de um poema, em que aspectos um poema mais te puxa para dentro da infância? 
Adélia - O que me provoca o sonho deve ser a busca da origem, o velho, o mais velho, o antiquíssimo, parece busca de algo mais que a origem humana nossa, você não acha?

Acho sim, essa busca não termina nunca. E por falar em buscar, vamos de novo para uma reflexão sua: “Não adianta você explicar a criação, lançar olhares psicológicos ou filosóficos sobre uma determinada obra. A beleza da forma permanece diante de você como um mistério. E a alma vive do mistério, que ela intui, mas não decifra”. Nem tudo o que é indecifrável é belo, mas será que tudo o que é belo é indecifrável? 
Adélia - Indecifrável ou não, todo ser é belo. Estou repetindo Thomaz de Aquino. Concordo com ele.

Numa entrevista muito boa para Luciana Araújo, na revista “Entrelivros”, você diz assim: “As mulheres têm dobradiças, não são em bloco único como os pobres dos homens. É mais fácil para nós. Dobradiças são peças físicas e psíquicas de um perfil autenticamente feminino. Já reparou que o homem é ‘em bloco" e nós somos ‘por partes'”. O que a mulher tem de mais dobradiça, o que o homem mais tem de bloco? 
Adélia - Não vou contar este segredo pra você. E fazendo assim, estou usando uma dobradiça minha.

Em Quando eu era pequena , você conta que, um dia, inventou uma língua esquisita, e só quando ficou adulta descobriu que aquela língua se chamava poesia. “Mas como eu ia saber disso? Nem estava na escola ainda!” Para você, qual é a melhor forma de alimentar nas crianças o gosto pela poesia, na escola, e em casa? 
Adélia - Oferecer livros como quem oferece frutas, doces, pão, coisas gostosas.

Também em Quando eu era Pequena , você escreve: “Quando tinha visitas em nossa casa eu gostava de recitar para elas, porque batiam palmas e falavam: `Que menina artista!`Mamãe falava: 'Carmela é muito saída.'Ou então: 'Carmela é muito saliente'. No fundo, ela gostava bastante, fingia de brava, mas por dentro adorava ter uma filha recitadeira. Desconfio que queria ser igual a mim, mas tinha vergonha, era filha de Vovô da Horta, que dizia para ela e para minhas tias: `As mulheres não precisam estudar`. E ela adorava livros, uniforme e objetos de escola, achava estudar uma coisa chique toda vida. Com certeza Vovô se arrependeu, porque, apesar de eu ser mulher, comprou tudo para eu ir para o ginásio, desde os sapatos e a pasta até a boina azul, que eu achava a parte mais linda do uniforme.” Quais foram as partes mais lindas da sua mãe e da sua infância? 
Adélia - Minha mãe era muito bonita, ela inteira. E a parte mais linda da infância foi a infância toda.

Num dos seus livros mais derretidos de beleza, Bagagem , você escreve: “Minha mãe achava estudo/a coisa mais fina do mundo./Não é./A coisa mais fina do mundo é o sentimento./Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,/ela falou comigo:/'coitado, até essa hora no serviço pesado'. /Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente./Não me falou em amor./Essa palavra de luxo”. Qual é o grande luxo do amor? 
Adélia - Abrir mão do luxo.

Também em Quando eu era pequena , para falar sobre o enterro de uma tia querida, você escreve: “Meu pai me sentou na janela e chorava abraçado comigo. Ficamos olhando o caixão branquinho sendo carregado até o fim da Rua Comprida, onde ficava o cemitério. Tudo o que meu pai sentia parecia maior que das outras pessoas (...)”. O que era maior que tudo no seu pai? 
Adélia - O coração.

Na sua Bagagem , tem um poema de abrir suspiro, chamado “Orfandade”, em que você diz: “Meu Deus,/me dá cinco anos./Me dá um pé de fedegoso com formiga preta,/me dá um Natal e sua véspera,/o ressonar das pessoas no quartinho./Me dá a negrinha Fia pra eu brincar,/me dá uma noite pra eu dormir com minha mãe./me dá a mão, me cura de ser grande,/ó meu Deus, meu pai,/meu pai”. De que forma a poesia te cura de ser grande, de que forma ela te engrandece? 
Adélia - Me cura de ser grande quando me desarma. Me engrandece, quando me conta que sou filha de Deus.

Revista Cult: Adélia Prado garimpa poética do cotidiano



Heitor Ferraz

A obra poética de Adélia Prado é prova de que a poesia não precisa nascer somente do solo duro do eixo Rio-São Paulo. Como poucas, ela sabe resgatar para o seu leitor toda trama cultural e social do piccolo mondo das cidades do interior brasileiro. Pequenas histórias familiares, dramas do dia a dia, tudo isso filtrado pelo seu olhar arguto, resulta numa poesia ex­tre­mamente refinada e bela. É aquela fa­mosa história de que ao tratar de sua aldeia, o poeta está sendo universal. Mo­ran­do em Divinópolis, Minas Gerais, onde nasceu em 1935, Adélia Prado é uma das mais importantes poetas brasileiras. E não des­cuida do verso, nem tampouco da prosa. A prova pode ser conferida nos seus dois no­vos livros, lançados pela Editora Man­darim: o romance Manuscritos de Felipa e o livro de poemas Oráculos de maio. Ela, que já lançou cinco romances, entre eles Componentes da banda e Cacos para um vitral, centra agora seu enredo na história de Felipa, uma mulher de meia-idade “regis­­trando seu sofrimento”, como ela mes­­­­ma escreveu, nessa entrevista feita por fax, para a CULT. A poesia de Adélia Prado tem despertado bastante interesse de críticos importantes, como Augusto Massi, e sua obra poética foi coligida em 1991 pela Editora Siciliano em Poesia reunida. Com este novo livro, mantendo seu tom colo­quial, de quem registra a vida em pequenos fragmentos tanto de memória como de flagrantes do dia a dia, ela ressalta a importância da religiosidade dentro de sua obra. Para esta escritora que vem colocando sua cidade, no oeste de Minas, dentro do mapa da poesia brasi­leira, a poesia está entranhada na expe­riência e resulta do garimpo diário das palavras. 

CULT – Você está lançando dois livros novos. Nos dois, a presença de Deus é marcante. Em sua poesia, de modo geral, há muito da cultura católica brasileira. Qual a importância, na sua obra, da religiosidade?
Adélia Prado – A religiosidade está na minha obra em registro explícito de confissão católica. E assim, primeiro, porque são dados da minha experiência mais remota, oculta, o dogma, a catequese. Mas, sobre ser um dado cultural-biográfico, é também e principalmente um empenho em viver minha crença, crença herdada, mas que abraço por desejo e necessidade do coração. Não há, então, como ela não aparecer no meu texto.

CULT – Sua poesia traz um olhar feminino para o cotidiano, desde a forma como você resgata seu passado até no seu tratamento do tema amoroso. A poesia para você é experiência?
A.P. – O cotidiano é minha matéria-prima, pedreira onde garimpo não só o ouro, mas a própria pedra. Se a poesia é experiência? Sim. Doutro modo não seria a linguagem que a torna “a lingua­gem por excelência”. E para mim é a experiência no mesmo sentido da expe­riência religiosa. Ambas pedem o espe­cialíssimo verbo poético que lhe cons­titui a própria carne.

CULT – Você também está publicando um romance. Mas é curioso como sua pró­pria poesia pode ser lida como pequenos contos, sintéticos, da vida cotidiana. O projeto de um romance é extensão de um projeto poético?
A.P. – Pode ser extensão, nunca uma inten­ção, porque a forma já vem em forma de prosa.

CULT – Você poderia falar um pouco sobre o seu novo romance Manuscritos de Felipa?
A.P. – Manuscrito de Felipa é uma mulher registrando seu sofrimento, pedindo socorro entre lugar e sombra, dor lanci­nante e alegria que só a poesia é capaz de dizer.